50 anos entre dois titulares: a trajetória do tabelião mais antigo e do mais novo do Espírito Santo
Publicado em 26/05/2025
![]() Com 50 anos de diferença entre suas nomeações, os tabeliães Taine Guilherme de Moreno e João Victor Pereira Castello representam duas gerações do notariado e do registro civil no Espírito Santo. Taine assumiu a titularidade do 2º Ofício de Guarapari em 1969, enquanto João Victor foi aprovado em concurso e tomou posse em 2019, no cartório do distrito de Irundi, em Fundão. Apesar da distância temporal, ambos compartilham o mesmo compromisso com a função pública, a responsabilidade com a comunidade e o zelo pela segurança jurídica. Com mais de cinco décadas de experiência, Taine presenciou profundas transformações no sistema extrajudicial — da era do papel à digitalização. João, por sua vez, iniciou sua trajetória já em um cenário em que a tecnologia é parte indispensável da rotina cartorária. A seguir, eles compartilham suas visões sobre a profissão, a relação com a população e o futuro das serventias. Conheça a visão dos dois titulares na entrevista a seguir: Como é para você a responsabilidade de comandar um cartório? Taine Guilherme: “Comandar um cartório é uma missão que vai muito além da gestão administrativa: é exercer uma função pública com alto impacto social. A responsabilidade é constante, pois lidamos diariamente com atos que garantem segurança jurídica, dignidade e cidadania aos indivíduos. Cada escritura, cada registro ou certidão representa um direito assegurado. Por isso, é essencial atuar com rigor técnico, ética e empatia.” João Victor: “Me sinto, literalmente, responsável. Sinto-me responsável pelos meus colaboradores, pelos usuários do serviço, pela comunidade do meu município e por todos os direitos pessoais e patrimoniais que temos a missão de guardar. Porém, é uma responsabilidade gratificante. A contribuição com a sociedade, por meio da prestação de um serviço zeloso, célere e eficaz — desde um simples reconhecimento de firma até um registro de nascimento — é palpável. Não há alegria maior do que ver um usuário satisfeito com o nosso serviço e colaboradores felizes em exercer sua função.” ![]() Que diferença você percebe que seu cartório faz para os cidadãos da sua região? Taine Guilherme: “Nosso cartório se tornou, ao longo dos anos, um verdadeiro ponto de apoio para a comunidade. Seja por meio da desburocratização de procedimentos, do atendimento humanizado ou da orientação jurídica básica, percebemos que fazemos diferença ao facilitar a vida das pessoas. Atuamos como um elo entre o cidadão e seus direitos fundamentais — da moradia regularizada ao reconhecimento de vínculos familiares e patrimoniais.” João Victor: “Muitas vezes, as serventias extrajudiciais são a única presença do Estado em determinada região, sendo um serviço público notoriamente reconhecido por sua capilaridade. Dessa forma, é perceptível o respeito e a reverência da comunidade regional pelos serviços extrajudiciais. É o local que eles buscam não apenas para a prestação imediata dos serviços registrais e notariais, mas também para obter auxílio nas mais diversas dúvidas jurídicas ou em questões relacionadas à prestação de serviços públicos de outros órgãos da Administração.” Quais as principais medidas adotadas para melhorar o atendimento à população? Taine Guilherme: “Adotamos uma série de medidas voltadas para eficiência e acessibilidade: agendamento eletrônico e atendimento remoto por videoconferência quando solicitado, garantindo comodidade ao usuário; digitalização de acervos e processos internos, reduzindo prazos e papel; capacitação contínua da equipe, com foco em empatia, agilidade e conhecimento jurídico; e, principalmente, escuta ativa das demandas da comunidade, ajustando processos conforme as reais necessidades locais. Buscamos equilibrar tecnologia e atendimento humanizado para oferecer um serviço público de excelência.” João Victor: “Acredito que hoje as principais medidas adotadas por todas as serventias decorrem das plataformas digitais de integração dos registros públicos - ONR, CRC, CENPROT, ONRTDPJ - e da possibilidade de lavratura de atos notariais eletrônicos. A título de exemplo, atualmente, por meio do e-Notariado — plataforma gerida pelo Colégio Notarial do Brasil — o usuário pode assinar todos os atos notariais de forma eletrônica, por meio de um certificado digital, incluindo autorizações eletrônicas de viagem, doação de órgãos, reconhecer firmas ou até mesmo solicitar diretamente aos cartórios as certidões eletrônicas dos atos lavrados em meio físico. A tendência é que, em alguns anos, até mesmo a escrituração dos livros notariais e registrais seja feita eletronicamente.” ![]() Com o avanço tecnológico e da inteligência artificial, o que espera do futuro dos cartórios? Taine Guilherme: “Vejo um futuro em que os cartórios serão cada vez mais integrados ao ecossistema digital do país, atuando como garantidores da autenticidade, da confiança e da segurança jurídica mesmo em ambientes 100% digitais. A inteligência artificial, se bem regulamentada, poderá automatizar tarefas repetitivas e liberar os profissionais para focar no que importa: a análise qualificada, o atendimento humano e a prevenção de conflitos. O desafio será manter o rigor jurídico e a imparcialidade que sempre marcaram nossa atuação, mesmo diante de novas ferramentas. O cartório do futuro será aquele que conseguir unir a solidez da tradição com a fluidez da inovação.” João Victor: “Acredito que o futuro dos cartórios caminhará para um modelo cada vez mais digital, automatizado e integrado, sem jamais perder de vista a segurança jurídica e a função social inerentes às atividades notariais e registrais. A inteligência artificial, nesse contexto, não surge para substituir a figura do delegatário ou de seus prepostos, mas sim como uma poderosa ferramenta de apoio para tornar os processos mais eficientes, seguros e acessíveis. O papel do delegatário, nesse cenário, continuará sendo o de "sentinela dos direitos de toda a comunidade" — citando o ilustre Ricardo Dip —, capaz de aliar conhecimento jurídico à capacidade de gerir inovações tecnológicas. E mais: caberá a nós formar equipes preparadas para lidar com essa nova realidade, sem perder de vista que, por trás de cada processo, existe um cidadão em busca de segurança, orientação e dignidade no exercício de seus direitos.” Assessoria de Comunicação do Sinoreg-ES | ||
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